Conflitos de interesse e autorregulação na saúde são temas do 1º Congresso IBDEE de Compliance e Ética Empresarial
Data de Publicação: 29/03/2023
O diretor executivo do Instituto Ética Saúde moderou o painel “Compliance no setor saúde”, durante o 1º Congresso IBDEE de Compliance e Ética Empresarial, realizado no dia 28 de março, em São Paulo. “A integridade na saúde é uma importante causa a ser abraçada por todos, porque a corrupção nesse setor mata, destrói famílias e traz dor”, iniciou Filipe Venturini Signorelli. Ele citou a campanha ‘Ética não é moda, ética é saúde’, incentivando o engajamento dos presentes, antes de passar a palavra para as participantes.
A consultora nas áreas de Compliance e gestão de risco da AACD, Vivian Sueiro Magalhães, destacou que diante da diversidade de players e fluxo financeiro da saúde, é fundamental trabalhar o conflito de interesses. “É desafiador olhar para os cenários de risco e avaliar onde colocar mais energia para equilibrar”.
Para a diretora de Risco, Auditoria e Compliance do Hospital Albert Einstein, Viviane Souza Miranda, “conflito de interesse é possível ser gerenciado, com educação e conscientização, colocando o paciente no centro da discussão. No Einstein, por exemplo, existem controles na área médica, com protocolos assistenciais que indicam a melhor prática”. Mas definiu como “perverso” o sistema de remuneração atual do fee for service - de acordo com o que foi utilizado no atendimento. “Isso precisa mudar”, disse.
Na indústria, a diretora de Compliance da Johnson & Johnson, Janaína Pavan, citou como maior conflito a relação com os médicos. “Dependemos deles para disseminar as tecnologias que são desenvolvidas pela empresa. Como remunerar esse médico pelo trabalho dele ir a um congresso para disseminar uma prática? Aqueles que definem compra ou estão em posição de compra geram conflito ainda maior e o cuidado é maior, com requisitos mais fortes”, revelou.
Filipe Venturini Signorelli afirmou que a Autorregulação na Saúde, no Brasil, foi proposta pelo Instituto Ética Saúde, que reúne todos os segmentos da saúde e é considerado o maior do mundo em representação setorial.
As três debatedoras defenderam a autorregulação. Para Viviane Souza Miranda e Janaína Pavan o maior desafio é trazer a comunidade médica para essa causa. Já Vivian Sueiro Magalhães citou como grandes entraves da autorregulação o modelo de remuneração, as relações entre quem é e quem não é participante dessa autorregulação e a falta de fomento da transparência. “56% dos atendimentos do SUS são realizados por hospitais privados (a maioria filantrópicos). Deveria ser de interesse público que essas relações fossem mais sadias”, afirmou.
A diretora do Hospital Albert Einstein definiu como ideal “uma autorregulação que juntasse todos os elos da cadeia para entender os riscos e definir os controles chaves para mitigá-los”. A executiva da Johnson & Johnson complementou: “Não conseguimos olhar de ponta a ponta a relação. Como dar a segurança e garantia para os hospitais e planos de saúde, por exemplo, se não temos a interface?”
O diretor executivo do Instituto Ética Saúde concluiu com um dado preocupante, mas motivador, ao mesmo tempo: “A saúde poderia ser de 30 a 40% mais barata se não houvesse corrupção pública e privada no setor. O IES tem um Grupo de Voluntários. Convido todos a participar”, finalizou.
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