Representantes da indústria da Saúde e dos Hospitais debatem ética e inflação médica, em Summit
Data de Publicação: 11/11/2019
Os debatedores que representaram a indústria da saúde no Ética Saúde Summit 2019 defenderam que a sustentabilidade do setor depende do engajamento de todos os players, inclusive das operadoras de saúde. “O Instituto Ética Saúde é atualmente um acordo com magnitude internacional. Mas precisamos de um movimento efetivo de todos os lados do setor. Não há mudança sem a participação de todos”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde – ABRAIDI, Sérgio Rocha, no início do painel “Fornecedores de Produtos e Serviços de Saúde: Inovação, Incorporação Tecnológica, Sustentabilidade Sistêmica, Valor ao Paciente e Dilemas Éticos da Atividade Econômica”, moderado pela coordenadora geral do FGVethics, Lígia Maura Costa. Para ele, a saúde vive o domínio de uma área específica e todos os demais players – indústria, distribuição, hospitais, laboratórios – sofrem as consequências. “Quando as operadoras de saúde falam em inflação médica, proponho aqui que o tema seja discutido com profundidade. O que é a inflação da saúde? Porque no setor de importação e distribuição de DMI os preços caíram e muito”, enfatizou.
O presidente da Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp), Yussif Ali Mere Júnior, acrescentou que “precisamos, cada vez mais, sentar à mesa sem o chapéu que nós usamos no dia a dia, para discutir transparência e integridade. Temos que diminuir a oportunidade para os 80% citados pela Dra. Claudia Taya se tornarem corruptos”, referindo-se à palestra magna da secretária de Transparência e Prevenção da Corrupção da Controladoria Geral da União (CGU), horas antes. Ela mencionou pesquisa sobre corrupção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que revelou que 10% da população é corrupta, 10% é extremamente honesta e os outros 80% estão suscetíveis aos desvios de conduta.
Incentivo e remuneração também são pontos de alerta, na opinião do presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed). “É preciso ter regras claras para quem vende. Obviamente os vendedores têm incentivo de venda. Mas, se o incentivo é muito forte, ele vai vender a qualquer custo. E não é isso que queremos. Eu prefiro perder a venda do que fazer uma má venda e é isso que recomendo aos meus funcionários. O tom das lideranças com as equipes é extremamente importante. Ser um modelo de comportamento dentro da empresa é fundamental”, disse Fabrizio Signorin.
A integrante do Conselho Suplente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Patricia Braile, citou a campanha de sensibilização que o Instituto lançou: “Ética não É moda. Ética é algo que nos dá ânimo para acordar e trabalhar. Depende de cada um de nós, e o Instituto Ética Saúde é minha casa desde a criação, há quatro anos”.
O presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Eduardo Amaro, lembrou que o setor de saúde é muito complexo e que todos os associados da Anahp possuem processos de acreditação. “Com isso, conseguimos evoluir. Fizemos uma pesquisa em 2015 e 30% dos dirigentes de associadas da Anahp eram envolvidos com compliance. Quatro anos depois, este percentual subiu para 90%. O começo é difícil, mas depois entramos numa curva ascendente. E no Brasil essa curva também está subindo”.
No Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross), o incentivo é para que os associados participem do QualIES. “O programa avalia o nível de maturidade de Sistemas de Integridade. Nós damos uma enorme importância e pedimos que todos façam a adesão”, afirmou o coordenador do Painel de Indicadores, Marcos Morato.
Para a integrante do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Claudia Cohn, a definição de ética é simples. “Ética evita cadeia. Ela é a ferramenta que garante que a gente durma tranquilo e também que a gente garanta a sustentabilidade no que fazemos no dia a dia”, resumiu.
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